Isso é muito show de Truman!

E aí pessoal, quem foi cheio de expectativa ver o filme “O círculo” e se decepcionou levanta a mão! \o/

Muitos estão escrevendo que esse filme “é muito Black Mirror”. Mas não sei se sou velha o suficiente para lembrar que muito mais que Black Mirror, ele é muito “Show de Truman”. Em 1998, quando Truman foi lançado, a onda do momento era criticar os reality shows. Foi a década de surgimento do Big Brother, por exemplo. Já hoje conseguimos assistir o mesmo filme observando outras críticas que também se adaptam perfeitamente ao nosso momento, pois o filme é muito rico ao analisar e criticar elementos-chave da nossa cultura, se mantendo mais atual que nunca. Mas o que isso tem a ver com O círculo? Na verdade resolvi analisar os 2 filmes em conjunto porque, além de muito parecidos, O show de Truman acerta em tudo o que O círculo erra, tentando passar as mesmas mensagens. A intenção aqui é realmente dissecar cada um dos filmes, então se você não viu corre pra ver porque vai tá cheio de spoilers!

Bom, como você já sabe, a história se trata de uma menina que começa a trabalhar numa espécie de Facebook, o tal “círculo”, e isso muda completamente a sua vida. O caminho básico e natural desse roteiro, que já ficava claro nos trailers, seria a apresentação da personagem e seus problemas, o encantamento com a nova realidade do círculo e a aparente resolução de todos os seus problemas, o choque de realidade ao perceber o que estava em jogo ao ser membro ativo do círculo e a consequente revolta contra ele e seus criadores. Isso era o esperado. Isso era o necessário, dado o cenário apresentado. Mas o filme quebra pessimamente essa linha de acontecimentos e não faz isso pra gerar um roteiro ainda melhor. Ele quebra porque não se decide sobre qual história quer contar: se é a história de uma moça afetada gravemente pela exposição de sua vida pessoal e consequentemente se revoltando contra isso, ou se quer contar a história de uma moça que defende com unhas e dentes aquele universo de exposição pessoal e controle do círculo. Se a ideia era essa segunda história, precisaria ter trabalhado melhor pontos em que ficasse mais clara a dúvida da personagem sobre estar achando bacana aquilo tudo ou não. Mas o que temos são apenas algumas caras e bocas que PARECEM ser de uma pessoa incomodada, enquanto as atitudes reforçam apenas que ela realmente acredita no bem que o círculo está trazendo para o mundo.

Já em Truman, temos mais ou menos o mesmo caminho de roteiro, com a diferença que Truman não escolheu ir para aquela cidade ser observado, ele foi ADOTADO POR UMA EMPRESA para ter sua vida inteira observada sem sequer saber. Porém, a partir do momento em que ele descobre que sua vida inteira era uma farsa, segue-se então o mesmo caminho que esperamos ver no O círculo: desapontamento > revolta > tentativa de fuga. Só que no show de Truman esse caminho é de fato seguido, o que satisfaz o anseio do espectador de ver aquela injustiça toda resolvida. Tanto nós, espectadores do filme, quanto os espectadores que assistiam Truman dentro do filme, torcem pra que ele se revolte e consiga fugir. Por um momento, no final parece que ele pondera sobre ficar ou não, mas logo depois fica claro que ele não quer mais fazer parte daquilo e resolve fugir mesmo sem fazer ideia do que vai encontrar no mundo lá fora. Já Mae Holland, do círculo, deveria ter passado pelo mesmo questionamento e tomado a mesma decisão. E por que eu digo que ela DEVERIA ter feito isso e não poderia ter feito outra coisa? Porque o filme nos conduz a isso mostrando o quanto o círculo é nocivo. Assim como O show de Truman mostra o quanto a vida fakeada de Truman é uma super injustiça, o círculo causa a mesma revolta no espectador que espera então um momento de catarse, de ver aquele protagonista se revoltando contra tudo aquilo, mas esse momento nunca chega. E o pior, eles fazem uma grande preparação para esse momento, mas ele simplesmente não vem. Não há revolta, não há um plano de vingança satisfatório, não há tentativa de fuga do que o círculo impõe. Há apenas conformidade e aceitação. É como se Truman resolvesse continuar sendo observado e morando naquela cidade mesmo depois de saber o quanto sua vida foi exposta e ele foi enganado. Seria bizarro, não? Mas no círculo, pelo que eu entendi do final, é exatamente isso que acontece: a menina continua fazendo parte daquilo tudo e cada vez mais ela e o resto do mundo vão se expor nas redes sociais.

Mas vamos analisar algumas cenas do filme e momentos que achei muito sem sentido e fracos, ainda mais quando comparados a momentos parecidos de O show de Truman.

Mae faz a entrevista e entra pro círculo. Sua amiga extremamente empolgada e workaholic faz a apresentação de todo o campus. Pausa aqui para comentar a atuação da amiga, a atriz Karen Gillan, que me convenceu muito mais que a de Emma Watson.

Desespero convincente

Não gosto da atuação de Emma; ela é bonita e carismática, mas pra mim é só. Achei forçada em A Bela e a Fera e agora também no Círculo. Isso pra mim também dificultou o progresso do filme, já que sua atuação não sustenta o protagonismo que ela tem.

 

Emma passou o filme inteiro com essa cara. Vontade de socar define.

Mas segue o jogo. Temos então a primeira cena em que eu comecei a me coçar na cadeira, quando a amiga Annie leva Mae à sala dos donos da empresa (o escritório secreto onde todas as reuniões acontecem) e pede pra que ela não conte a ninguém, pois não poderia estar ali. O problema é: se O Círculo vigia todos os lugares do mundo através de câmeras e todo o campus também, como pode apenas ali na sala do dono não ter uma camerazinha? Faz algum sentido isso? Os olhos que tudo vêem não vêem exatamente o que está bem embaixo do seu nariz? Pareceu pra mim que essa cena só foi introduzida ali para ter depois o momento tenso do Tom Hanks perguntando se Mae tinha um segredo pra contar e ela revela que já tinha estado ali antes. Acho que podiam ter trabalhado melhor esse segredo já que invadir a sala do homem que mais vigia tudo e todos no mundo sem ele perceber não pareceu nada crível. Bom, depois ficamos sabendo que ele sabia que ela tinha estado ali antes. Ok, então tinha alguma câmera, e ela e Annie só foram extremamente burras de não pensar nisso. Nos dois casos, tendo câmera e elas não pensado nisso, ou não tendo câmera, seria ridícula essa “invasão secreta da sala”.

E por que então não tinham câmeras na porcaria do túnel que a Mae entra com o Ty? Ela caminha por váaarios corredores de servidores sem ser vista por ninguém? Nenhuma camerazinha pra proteger os servidores? O mais louco é quando Ty diz que ela tem que deixar os pertences pra não ser rastreada e retira a pulseirinha médica dela. Oi? Não seria o momento da parada apitar dizendo “fulano tirou sua pulseira, perdemos suas informações”? Ou então os médicos poderiam pensar que ela morreu, já que ficou sem batimento cardíaco, e então correr para onde ela estava para “salvá-la”? Mas não, nada disso acontece e ela tira a pulseira de boas. Inacreditável.

Sobre essa pulseira também esperei várias outras reações e momentos absurdos que poderiam ter surgido por causa dela. Como, por exemplo, a personagem poderia fazer sexo com alguém e os batimentos aumentarem, os médicos acharem que era um ataque cardíaco e partirem para o resgate flagrando ela no meio da transa. Ou ainda, nos momentos em que ela fica mais nervosa (por exemplo, quando entra nos túneis com Ty), o coração poderia disparar e os médicos tentarem encontrá-la percebendo que ela não estava bem. Ah, mas ela tirou a pulseira e ninguém reparou! É verdade. Enfim, muito bacana essa pulseira, muitas situações poderiam vir dali, mas foi uma ideia boa extremamente mal aproveitada.

Falando em Ty, que personagem mal aproveitado também, senhor Jesus. Tá tudo errado ali na relação do Ty com essa menina e na relação do Ty com o círculo. Primeiro, se ele é o todo poderoso fodão criador do True You, por que passa o filme inteiro apático apenas reclamando pelos cantos quando vê o mau uso da ferramenta que tanto o incomoda? Mais uma vez as palavras dizem uma coisa, mas a atitude diz outra. Ele não faz nada a respeito e, quando faz, no final, é por que foi motivado pela Mae. Que aliás parece a única que tem ideias brilhantes num filme que se passa no Vale do silício, dentro da maior empresa de tecnologia do mundo. Mas já vamos voltar nesse final.

Como sou brilhante, olha minha cara de “tive uma ideia que ninguém teve antes”!

Ainda sobre Ty, a relação dele com Mae é totalmente sem sentido. Ela aparentemente se interessa por ele porque ele estava sozinho bebendo sem se empolgar com a festa. Eles fazem comentários irônicos sobre o frenesi constante que ronda o campus. Pensamos então, ok, vamos ter alguma revoltinha vinda dessa duplinha aí. Mas não, já comentamos com Mae nunca se revolta a respeito do círculo e fica cada vez mais convencida que toda aquela vigilância/exposição da vida pessoal é boa. Por que então Ty gosta dela? Por que confia nela? Por que leva ela em lugares secretos e confidencia sua insatisfação sobre o círculo? E ainda disse que notou que no corpo dela não tinha nenhum sinal da hipocrisia que todas as outras pessoas do círculo tem. De onde ele desprende isso? A menina foi a primeira a se tornar “transparente”. Ela é a última pessoa dali que ele deveria confiar. As atitudes dela não demonstram NENHUMA revolta em relação a tudo aquilo. Mas mesmo assim ele acha que ela é a ÚNICA pessoa naquele campus que tem os mesmos questionamentos sobre o círculo que ele tem.

Voltando então à Mae e sua atuação no círculo. Me incomodou DEMAIS que ela sempre era a autora das ideias brilhantes, mesmo quando lidava com os correspondentes de Mark Zuckerberg ou Steve Jobs. Temos o momento mais patético do filme na reunião em que ela dá a “brilhante ideia” de que todos os governos do mundo deveriam adotar o True You para que a população pudesse votar através dele e assim obrigar todos os cidadãos a terem uma conta no True You. Para isso precisaria também que todas as nações tornassem o voto obrigatório. Meu deus, quanta coisa sem sentido nessa ideia “brilhante”. Primeiro, ela parte do princípio que as pessoas só não tem o True You porque não querem. Nem passa pela cabeça dela que existem pessoas miseráveis no mundo que não tem nem água potável quanto mais computador com acesso à internet. Pra essa ideia dela funcionar ela teria que:

  • Acabar com a pobreza do mundo;
  • Se certificar que todas as pessoas do mundo teriam computador, celular e internet e SOUBESSEM LER;
  • Teria que acabar com todas as ditaduras do mundo para que pudessem existir eleições diretas;
  • Teria que transformar todos os sistemas de eleição do mundo em eleição onde cada voto vale, mudando completamente o sistema eleitoral por exemplo dos EUA, que é distrital;
  • Teria que obrigar países onde o voto não é obrigatório a se tornar obrigatório, por exemplo, os EUA;
  • Feito tudo isso ela teria que convencer todos os governos a fazer seus votos pelo True You, confiando cegamente que a ferramenta não manipularia o resultado eleitoral. Ou seja OS GOVERNOS DEIXARIAM NA MÃO DA INICIATIVA PRIVADA SEUS SISTEMAS ELEITORAIS. E eles aceitariam isso de boa. Please;
  • Mesmo conseguindo que todas as pessoas do mundo estivessem conectadas para poder votar pelo True You ela não poderia obrigar as pessoas a compartilharem coisas sobre suas vidas na rede. Como muitas pessoas que conheço que até tem o Facebook, mas não usam, muitas pessoas teriam essa relação com o True You, usar apenas na hora de votar. Por mais que ela conseguisse a façanha de resolver todos os problemas acima, mesmo assim ela não conseguiria mudar a personalidade de pessoas que não acham bacana divulgar cada coisa que comem nas redes sociais. Ou seja, ela faria isso tudo e não conseguiria seu maior objetivo, que é ter todos os seres humanos do mundo conectados no True You.

Isso sem mencionar que ela ainda chama o voto obrigatório de real democracia. O roteiro não faz a menor ideia do que é democracia pra acreditar que o voto OBRIGATÓRIO seja democrático. Ah, mas é porque o povo do círculo é tão doido que confundem o tempo inteiro conceitos ditatoriais com conceitos democráticos, então faz sentido que pra eles o voto obrigatório seja visto como uma coisa democrática. Ok. Passa.

Bom, além de tudo isso o mais bizarro é que só ela teve uma ideia para obrigar todo mundo do mundo a entrar na febre de “compartilhar”. Como se Mark Zuckerberg não dormisse e acordasse todas os dias pensando em como tornar isso possível. Como se esse não fosse o objetivo máximo de todos os donos de rede social. Como se não fosse isso que tira o sono desse pessoal. Mas não, só ela pensou nisso, e foi ela que deu a ideia pro Tom Hanks. ATA.

Ai gente, devemos continuar? Devemos, porque ainda tem coisas pra criticar. Já mencionei aqui a apatia de Mae frente às consequências trágicas do círculo, mas vamos explorar mais isso. Além de ter a vida sexual de seus pais exposta na rede, o seu melhor amigo/namoradinho MORRE numa cena que pareceu totalmente inspirada na morte da princesa Diana. O que ela faz então? Fica 3 dias trancada no quarto e depois volta pro círculo como se nada tivesse acontecido. A personagem demonstrou mais preocupação com o cansaço extremo de sua amiga Annie do que com a vida sexual dos seus pais exposta ou com seu amigo morrendo. Estranho DEMAIS. No momento em que deveria acontecer o confronto e ela volta pro círculo pra conversar com Tom Hanks após a morte de Mercer, a cena que se segue é completamente morna e sem sentido. O círculo tinha acabado de assassinar um ente querido e ela reage dessa maneira:

Uma conversa totalmente tranquila e de boas nos corredores da firma

Em contrapartida, vocês lembram da cena em que a Sylvia confronta o criador do Show de Truman em rede nacional?


Aqui temos nosso momento de catarse, onde a personagem diz ao psicopata tudo o que a audiência gostaria de ter dito. Esse momento precisa existir nos filmes, do contrário a história perde força e se distancia da realidade, pois uma pessoa normal nunca deixaria de ter uma reação dessa.

“Ah, mas ela tinha um plano contra eles, por isso agiu friamente para parecer que estava de boa”. Sério mesmo, tinha um plano? Vamos ao plano então. O plano era a velha história de fazer com que eles provassem um pouco do seu próprio veneno, certo? Revelando a hipocrisia que é a total privacidade dos criadores da empresa versus a total exposição que eles pregam. Bom, isso seria ótimo se ela ACREDITASSE QUE AQUILO É UM VENENO. Mas não, ela acha aquela exposição toda uma coisa boa. Ela se sente mais segura com uma vida vigiada, pois a violência diminuiria, os governantes não mentiriam, pessoas não desapareceriam… O que ela faz é, com um toque de cinismo, trazê-los para a transparência, mas não porque quer se vingar, e sim porque ELA ACHA AQUILO MANEIRO. Aí eu lembrei da conversa que ela teve com os pais antes de sair de casa. Que somente ela poderia melhorar a ferramenta. Ela volta lá pra continuar investindo na ferramenta trazendo mais pessoas ainda para a transparência, tanto que o filme acaba com ela sendo observada por 3 drones, e dá zoom out para mostrar o resto do mundo sendo observado também. Ou seja, nada foi feito para conter o avanço do círculo, pelo contrário!

Não li o livro que originou o filme, mas disseram que no livro ela é muito mais ativista em prol do círculo, pois realmente acredita na capacidade da empresa de resolver todos os problemas do mundo. Bom, se é assim, esse amor todo dela pelo círculo deveria ter sido mais desenvolvido, ao invés de ter ficado dúbio o seu entusiasmo com a ideologia da empresa. Numa hora ela nem faz parte de nenhuma rede social e debocha da euforia dos membros do círculo com o Ty, na outra fica transparente e resolve trazer todos pra transparência e pro True You através do voto. Você pode argumentar que ela foi mudando de ideia ao longo do filme, mas essa mudança não é clara, até porque temos no meio disso o episódio de seus pais expostos e a morte do Mercer, duas situações que deveriam tê-la afastado do círculo, ao invés de tornar mais e mais ativista dessa ideologia. Se ela é a verdadeira adoradora da ideologia do círculo, o filme deveria ter direcionado a personagem dessa forma, mas não, toda a carga negativa e responsabilidade dos excessos do círculo recaíam sobre o Tom Hanks, enquanto ela era trabalhada como a personagem que acabaria com toda aquele absurdo.

Mas calma, não acabou, ainda tem coisa errada pra gente avaliar!
Como qualquer distopia futurista, o filme deveria trazer um cenário mais futurístico, mesmo que seja passado em um futuro próximo. Mas não, nada na realidade daquela São Francisco é mais evoluído em relação ao que temos hoje em dia. A direção de arte do filme não é nada especial e não encanta. Mais um ponto negativo do filme.

PONTOS POSITIVOS
Mas será que não tem nada mesmo de bom nesse filme que valha a pena? Nada que faça pensar e traga algum questionamento ao espectador? Tem sim, ele não é DE TODO desprezível. Mas se o filme fica muito atrás de O Show de Truman ao levantar essas questões, se comparado então a Black Mirror passa uma vergonha daquelas. Ah, mas era pra falar dos pontos positivos. Foi mal, esqueci.

Vamos a alguns pontos que parecem uma homenagem ou inspiração em relação ao filme O Show de Truman e que funcionaram pra esse roteiro:

No círculo, a protagonista tem um hobby de andar de caiaque. Em um determinado momento ela se acidenta e precisa ser resgatada. Essa cena lembra muito a cena do Show de Truman em que Truman primeiro perde seu pai no barco durante uma tempestade e depois de adulto sofre no barco sozinho, também durante sua fuga. Esse hobby da personagem dá um pouco de consistência a ela e a torna um pouco mais especial e interessante, mas bem pouco mesmo.

Jim Carrey em O Show de Truman

 

Emma Watson em O Círculo

Além disso, temos algumas frases de efeito bem interessantes no filme. Como “Segredos são mentiras”, “Compartilhar é se importar”, “Saber é bom, mas saber tudo é melhor”. São frases que dão ao círculo um aspecto de seita e reforçam o caráter marketeiro da parada. Ponto positivo aqui!

Legal também é a referência aos haters da internet, muito bem trabalhado no episódio Hated in the nation da 3ª temporada de Black Mirror. Ao divulgar na rede o trabalho dos lustres de cervo do Mercer, ele imediatamente vira alvo de pessoas que o ameaçam até de morte por ter supostamente matado os animais. Isso lembra muito a hashtag #deathto do Hated in the nation.

#deathtomercer

Lembra muito Black Mirror também a cena da morte do Mercer. Como não ficar apavorado ao ver um drone em cima da sua cabeça? Obrigada Black Mirror por criar fobia a drones em toda uma geração.

Misto de perseguição à Princesa Diana e Black Mirror

Essa cena também lembrou/copiou aquela cena da perseguição vivida pela criminosa em White Bear em Black Mirror:


Não é assustador que quando damos uma autorização pras pessoas perseguirem alguém até matar as pessoas realmente fazem isso?

Outro questionamento importantíssimo do filme, acredito que o mais importante, é relação entre o que é público e o que é privado. Isso é muito show de Truman. Algumas falas são simplesmente copiadas diretamente dali.

Cena de O Show de Truman

Outra análise muito importante que talvez tenha sido o único ponto bem explorado no filme é a relação entre vigilância e segurança. Quanto mais vigiados, mais protegidos contra crimes nós estamos, mas o preço é perder totalmente nossa liberdade. Liberdade/Insegurança x Vigilância/Segurança, é um dos pontos altos do filme. E também remete a Truman. No momento que seu criador tenta convencê-lo a ficar, ele usa a frase “Aqui no mundo que eu criei você não tem nada a temer”. Chega dá arrepio.

Temos ainda uma cena muito parecida entre os 2 filmes, quando o criador do Truman é entrevistado pelo jornalista que comenta “obrigado pela entrevista, sei como você valoriza muito a sua privacidade”. Cínico até o fim, assim como a Mae Holland foi no momento em que convida Tom Hanks para a transparência.

Mas quando chegamos então ao final de Truman a vontade que dá é falar pro círculo “nunca serão! Pede pra sair”. Emocionante, coerente, uma cena clássica que ficou pra história.

Outra cena que pareceu totalmente chupinhada de o show de Truman foi a cena dela escovando os dentes pra uma plateia de milhões de pessoas. Jim Carrey, é você?

Perceberam que as boas cenas de O círculo foram inspiradas (pra não dizer totalmente copiadas) em Truman e Black Mirror né, pessoal?

E não posso deixar de lembrar que O show de Truman em 1998 ainda samba na cara da sociedade trazendo um adorável casalzinho de idosas gays. Lacração total, e ainda eram os anos 90. E hoje estamos aqui em 2017, quase 20 anos depois, discutindo beijo gay na novela da Globo. Tenha dó né, Brasil.

Engraçado como eu passei a gostar muito mais de Show de Truman depois do fiasco que foi O círculo.

E você, concordou comigo? Discordou completamente? Comenta aí embaixo, só não vale escrever #deathtoana blz, pessoal?

Post Author: Ana Campos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *