Wonder Movie

O Passado

Ano 2000. Depois de ver a franquia Batman desandar, e outros super seres fracassarem nas bilheterias, a Fox arrisca e obtém um sucesso razoável com Blade, se empolgando assim com as adaptações de quadrinhos e decidindo investir com um passo arriscado: X-Men. Sendo um dos mais populares heróis da nona arte, a aposta é alta. Mas funciona. Inicia-se a assim a nova era dos heróis de quadrinhos no cinema.

  

Claro que desde então tivemos bons e maus filmes, mas o gênero “filme de super-heróis” a partir daí se sagrou como uma categoria permanente nas salas de cinema. Entra ano, sai ano e não ficamos sem eles. Neste período, porém, surgiu uma lenda urbana que foi comprada pelos estúdios (e uma parte do público): as heroínas não dão certo nas telonas. O resultado ruim das poucas tentativas que fizeram (Elektra, Mulher-Gato… tem mais algum?), serviu como verdade absoluta, fazendo com que diversas super-mulheres fossem deixadas de lado ou em segundo plano. Em nenhum momento chegou a passar na cabeça destas pessoas que talvez estes filmes não tenham dado certo por ter um roteiro ruim, uma atuação não convincente, uma direção preguiçosa, efeitos especiais péssimos, ou talvez tudo isso junto (lembranças pra Mulher-Gato).

  

A mudança

A verdade é que tudo isso é só mais um jeito de mascarar o nosso velho machismo de cada dia, onde por esse ou aquele motivo as mulheres são inferiores, ou não se dão tão bem quanto os homens. Um pouco de investimento e talento teria rendido bons filmes com protagonistas femininas há muito tempo.

Mas, antes tarde do que nunca. 17 anos depois, as mulheres estão finalmente tendo uma representação digna nos filmes de super-heroínas de quadrinhos. Como diz a chamada do filme, a justiça começa com ela: Mulher-Maravilha. O filme já é um sucesso de crítica e, de longe, já foi consagrado o melhor do novo universo da DC Comics no cinema.

Se ela já tinha salvado o filme Batman vs Superman, agora Diana Prince vem resgatar todo o universo DC das telonas e de quebra abrir espaço para o que esperamos ser uma nova tendência na categoria: protagonistas femininas nos super filmes.

O filme

O filme conta a origem da amazona mais famosa da cultura pop, deixando, logo de cara, todos extasiados com a ambientação da ilha de Themyscira, lar da Mulher-Maravilha. A caracterização dos personagens também está no ponto, dando às amazonas o ar atual, forte e ao mesmo tempo divino que elas devem ter.


Apesar de rápida (é um filme de heróis, então a história tem que dividir espaço com as cenas de ação), a construção da personagem principal é sólida, fazendo com que nada no filme fique perdido. Tudo o que vemos na pequena Diana do início está presente na Mulher-Maravilha do fim. Talvez a atuação de Gal Gadot não seja a melhor de todas (e um pouco prejudicada pelo excesso de botox desnecessário em sua testa – ou será que os músculos ficaram paralisados pela tiara?), mas carrega bem o filme e o título da mais popular heroína dos quadrinhos, vencendo as críticas que surgiram desde o início, quando foi escolhida para o papel. Todos os atores estão bem em seus papéis, tirando uma cena ou outra de canastrice – provavelmente a pedido da direção.
O enredo, como da maioria dos filmes de quadrinhos, tem alguns furos, a maioria deles para agilização – ou compressão – da história no tempo de filme. Mas é só fazer vista grossa que a diversão vai ser garantida. Diferente dos outros filmes da DC, Mulher-Maravilha pôde contar com momentos de alívio cômico, que misturados ao certo ar de fantasia que carrega fez com que ele ficasse mais leve e Diana mais humana (mesmo na teoria ela sendo a menos humana da santíssima trindade da DC).
Os pontos mais fracos do filme ao meu ver talvez sejam o CGI, que peca sendo bem perceptível em algumas cenas, e a fotografia, que apesar de magnífica com os cenários – especialmente em Themyscira, achei falha em certos enquadramentos de personagens.
Nada disso, porém, tira o mérito do filme, que cumpre com louvor ao que veio e deixa gravada na história dos super-heróis do cinema o nome da Mulher Maravilha.

O legado

Mais importante que isso tudo, porém, talvez seja a mudança que Mulher-Maravilha vai causar na indústria dos filmes de heróis. Enterrando de uma vez por todas a tal da lenda urbana, Diana Prince mostrou que é possível fazer um ótimo filme de mulher heroína e que este filme pode agradar a todos os públicos e contar uma incrível história.

O filme tem tanta ação quanto qualquer outro do gênero, a mesma quantidade de romance – ou talvez menos, e uma protagonista forte e de personalidade honrando seu uniforme. Mesmo de leve, o próprio filme aborda a luta feminina, tecendo críticas sutis ao machismo patriarcal (é impossível falar de Mulher-Maravilha e não falar de feminismo) e deixa claro como a Mulher-Maravilha é uma pioneira no ramo.
De quebra, a amazona ainda chega para salvar o universo cinematográfico DC, que vinha sendo massacrado pelos críticos desde o fim da era Nolan, dando possíveis novos ares a um lugar antes sombrio e sério demais.
Resta agora aguardar os próximos passos tanto da DC, que tem planejado filmes das Sereias de Gotham (Arlequina, Hera Venenosa e Mulher-Gato) e da Batgirl, como da Marvel, que vem adiando o protagonismo das mulheres da casa, e por enquanto só tem anunciado o filme da Capitã Marvel.

Que a Deusa olhe por nossas heroínas e as abençoe com muito GIRL POWER!

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Post Author: Marcio Oliveira

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