Desde terça-feira (24) não se fala em outra coisa nas mídias e redes sociais: a cantora e atriz Demi Lovato quase morreu depois de, ao que tudo indica, sofrer uma overdose de heroína. A relação conturbada de Demi com as drogas vem de longa data e, nos últimos meses, a cantora vinha dando sinais de que o problema podia estar se agravando.
No fim de junho, Demi lançou a música Sober, na qual ela relata sua dificuldade em se manter sóbria e pede desculpas por ter tido uma recaída em relação ao uso de álcool. Durante uma apresentação no Rock in Rio Lisboa, ela se emocionou ao interpretar a canção:
httpssss://www.youtube.com/watch?v=XQCo9dpz4LY
A vida de Demi Lovato vem sendo uma triste combinação que dificilmente produziria resultados diferentes do que vemos hoje. Como muitos outros artistas famosos, sua carreira começou cedo, quando aos 9 anos fez parte do programa infantil Barney e seus amigos, em 2002. Aos 16 anos, protagonizou o filme Camp rock, que a lançou ao estrelato.
Ainda na escola, Demi sofria com as provocações dos colegas por causa de seu peso. Desde essa época, ela começou a sofrer com transtornos alimentares como a bulimia. Na adolescência, tentando se enturmar e se sentir parte dos grupos populares, começou a beber e usar drogas nas festas do colégio, como conta no documentário Simply complicated.
httpssss://www.youtube.com/watch?v=ZWTlL_w8cRA
A partir daí, sua vida vem sendo marcada por tentativas de se manter sóbria e recaídas, sendo a mais séria a que aconteceu na terça-feira. Casos como o dela são comuns no meio artístico, infelizmente.
A cultura em que estamos inseridos valoriza a juventude, a beleza, a fama, o dinheiro. Obviamente, não são muitos os que preenchem todos esses requisitos. Poucas pessoas conseguem perceber que essas características, apesar de serem largamente anunciadas como pré-requisitos para quem deseja se sentir realizado, não são verdadeiramente importantes ou essenciais.
É realmente difícil pensar diferente quando se tem todo um aparato midiático e de propaganda política dizendo que você precisa ser bonito, jovem e bem-sucedido para ter algum valor. Pior ainda é quando essa mesma mídia constrói ídolos como Demi Lovato e tantos outros, alçando-os à fama, explorando exaustivamente sua imagem, depois regozijando-se e lucrando com seu sofrimento para se manter em evidência e lidar com aquilo em que se transformaram.
Infelizmente, enquanto os valores de nossa sociedade forem esses, histórias como as de Demi se repetirão à exaustão. O que podemos fazer é nos analisar para perceber o quanto nós mesmos tentamos (guardadas as devidas proporções) nos encaixar nesses padrões inventados de felicidade e sucesso e o quão mal eles podem estar nos fazendo!
One thought on “Demi Lovato e a pressão pelo sucesso”-
Thierry
(26 de julho de 2018 - 14:29)Vivemos tempos tão difíceis, tão densos, em tantos aspectos, que talvez se faça necessário canalizar essa vibração toda para algo. “O mal-estar na civilização”, de Freud, pode ajudar a refletir essa questão! O problema é quando esse escapismo, através de substâncias químicas, é feito por uma psiquê que, muitas vezes sem ter ciência, apresenta mecanismos funcionando de forma inadequada…