Destilos

Minha escolha ficou com o pai que mais me revoltou em 2018. Pai da personagem Ruth Langmore da série Ozark do Netflix, esse sujeito que não tem nem nome (é citado apenas como "pai da Ruth"), aparece apenas em alguns episódios, mas é suficiente para causar o maior rebu. Ruth é uma menina de 19 anos que vive no interior do Missouri, com uma família extremamente complicada, onde seu pai, tios e primos são todos voltados para a vida do crime. Sendo a única mulher da família, vive constantemente sob abusos físicos e psicológicos dos parentes, e precisou criar uma carapaça rígida ao redor de si, se tornando durona, desbocada e agressiva. Ela e seus parentes, sempre envolvidos em todo tipo de roubo e agressão que acontece na cidade, são o tipo de pessoal que planeja roubos mas não são capazes de cometer assassinatos. Isso é justamente o interessante da série, por mostrar uma família que está no limiar da vida do crime, mas que tem sonhos como abrir uma loja de pesca ou estudar fora e viver uma vida normal.
Acontece que o chefe da família, pai da Ruth, esse sim é um psicopata e está preso por algum crime grave. De dentro da prisão fica incitando sua filha Ruth a cometer crimes muito mais sérios do que ela está "acostumada" a cometer. Até chegar ao ponto de ordenar o assassinato de Martyn Byrne, personagem principal do seriado. Toda vez que sua filha vai visitar o pai na prisão, sai de lá com a lavagem cerebral feita e a missão de assassinar Martyn. Seu pai diz coisas como "você nunca fez isso mas vai se sair bem, você puxou a mim". E também "Na primeira vez (que você matar) vai sentir um comichão, depois fica mais fácil"...

Mas não foi só nesse discurso que esse pai se consagrou. Ao longo do filme inteiro vemos uma presença paterna constante na vida do filho, um pai ouvinte, compreensivo, que percebe quando Elio está triste nas menores nuances do seu comportamento. Junto com a mãe de Elio, criaram o filho num ambiente de aceitação, muito respeito e cultura. Aos 17 anos Elio fala várias línguas, toca vários instrumentos, e já leu mais livros que a própria biblioteca. Ao mesmo tempo em que é criado solto na vida, fumando, bebendo, curtindo as baladas, nadando, andando de bike, e até transando pela casa dos pais.Melhor criação impossível e por isso Mr. Perlman é meu escolhido para melhor pai da ficção!