Israel – 5 viagens em uma

Fim do ano chegando, natal chegando, férias chegando, ah como eu amo esse momento! É a época do ano em que minha mente começa a funcionar única e exclusivamente focada nas viagens que vou fazer! Quando a grana tá curta qualquer programa tipo explorar o litoral norte de São Paulo ou a região serrana do Rio tá valendo. Mas se houver uma graninha extra, cola nessa super dica de viagem que eu vou dar pra vocês: Israel. Foi a viagem mais incrível que eu fiz na vida até hoje e vim contar pra vocês um pouco sobre o nosso roteiro por lá. Nós ficamos 23 dias, mas planejei aqui um roteiro de aproximadamente 13 dias, onde você conseguiria cobrir os lugares que eu mais gostei!

O país é pequeno e dá pra cruzar de ponta a ponta em apenas 6 horas de carro. Isso é muito legal, pois nesses 23 dias de viagem nós ficamos com a sensação de conhecer quase o país inteiro! Visitar Israel foi como fazer 5 viagens em uma: tem praia, ruínas históricas, deserto, boate gay e até pista de esqui!

Lá tem 3 línguas oficiais: hebraico, árabe e inglês (eba! Inglês!). Isso porque a maioria da população é de judeus (80%) mas 20% são árabes e o inglês vem da época em que o território era britânico. Então, no restaurante, no metrô, no ônibus e em boa parte dos lugares, há árabes e judeus convivendo lado a lado. Em algumas cidades, a convivência é bem harmoniosa e em outras mais na base do “cada um no seu canto”. Essa mistura também está nas placas de sinalização e até nas legendas de filme, o que significa 3 legendas diferentes passando ao mesmo tempo! Sim, isso acontece. É por essas e muitas outras peculiaridades que Israel é um lugar imperdível e inesquecível.
A região é um dos berços da civilização e também a origem das principais religiões monoteístas: o judaísmo e o cristianismo. O islamismo não surgiu lá, mas também tem símbolos fortes ligados a essa região. Além disso, todo esse território foi dominado por inúmeros impérios diferentes e em um único local é possível encontrar ruínas de diferentes civilizações (e essa é a parte que eu mais gosto em Israel).
 
Mas vamos então ao roteiro:
1 – Tel Aviv – 1 dia
Uma espécie de Rio de Janeiro do Oriente Médio. Cidade grande com praia linda no mar mediterrâneo, cheia de barzinhos na orla que fazem vc se sentir em Copacabana. Até o desenho do calçadão foi inspirado (pra não dizer chupinhado) em nós.
Sim pessoal, isso é Tel aviv, a maior cidade de Israel. Tem uma vida noturna super intensa e é considerada a capital gay do oriente médio. É também o segundo maior polo tecnológico do planeta, atrás apenas do Vale do silício. Terra do Waze, do ICQ, e muitas outras start-ups.
Em Tel Aviv também tem a cidade velha, Jaffa ou Yafo, cidade murada com todo charme das cidades históricas milenares e que abriga ateliê de artistas nos dias de hoje.

Os pontos turísticos que você não pode perder são:
– Andar pelas ruazinhas e conhecer os ateliês dos artistas em Yafo
– Ver o pôr do sol na orla
– Andar pelo mercado Carmel
– Se couber no seu tempo dê uma passada no bairrinho fofo de Neve Tzedek, que lembra Santa Teresa. Em 1 dia você faz esse rolé e já pode cair na estrada para nossa próxima parada!
2 – Cesarea – 1 manhã
Muito pertinho de Tel Aviv ficam as ruínas dessa antiga cidade romana, bem às margens do mar mediterrâneo. Aqui ficava o palácio de Herodes. Simplesmente incrível! Um dos meus lugares preferidos da viagem! Ter um guia é imprescindível para não perder detalhes importantes. Uma manhã basta para visitar toda a ruína e tomar um sorvetinho na orla.
Anfiteatro romano em Cesarea
3 – Rosh Hanikra – 1 tarde
No mesmo dia à tarde partimos para Rosh Hanikra, um pouco mais acima, já na fronteira com o Líbano. Que lugar impressionante! Você entra em grutas e parece que está na Grécia. As fotos dizem tudo:
 
4- Akko – 1 dia
Nesse mesmo dia fomos dormir em Akko, uma cidade medieval murada também na costa mediterrânea. Era a base dos cavaleiros templários no tempo das cruzadas. Então você pode andar pelos túneis que eles usavam pra fugir e também visitar a fortaleza dos templários. Tá bom ou quer mais?
Fortaleza dos templários

 

Fortaleza dos Templários: áudio-guia é fundamental

 

Ruas de Akko
Além disso, essa cidade é referência de boa convivência entre judeus e árabes. Parada imperdível! Aqui também tem o MELHOR RESTAURANTE DO MUNDO. Se chama Uri Buri e se eu fosse você ia pra Israel só por causa dele. Eles fazem uma entrevista com você para entender seu gosto e após isso eles próprios escolhem o seu prato. No nosso caso foi uma truta ao creme inacreditável! Depois do almoço e mais passeios por Akko, fomos pra Haifa e dormimos por lá.
5- Haifa – 1 dia
Nesse quarto dia acordamos em Haifa e fomos direto conhecer os Bahai Gardens, jardins impressionantes da religião Bahai. Fique ligado nos horários de visitação, pois são bem restritos. Visite o Bahai Gardens por cima e por baixo, pois lá em cima tem uma vista incrível da cidade.

 

 

Bahai Gardens, lindo DEMAIS!
Bahai Gardens visto debaixo
De lá visitamos também o Louis Promenade, depois jantamos e dormimos em Haifa novamente.
6- Monte Hermon – 1 dia
Nesse quinto dia fomos tentar esquiar! Se você curte esquiar ou pelo menos quer ver como é uma estação de esqui e brincar na neve, parta para o Monte Hermon. Depois de uma estrada bem sinuosa, em que pouco a pouco o tempo vai mudando e começa a esfriar e nevar (na época mais fria), você dá de cara com ele! Vale a visita mesmo que seja só pela vista incrível ou pelo skibunda que rola lá no topo!
O mais impressionante? Em apenas 3 horas saímos de Haifa, que é uma cidade praiana e estava super quente, e chegamos no Monte Hermon no maior frio e totalmente nevado. Da praia ao ski em 3 horas!
7- Beit Shean – 1 dia
Do Monte Hermon partimos pra Beit Shean, mais uma maravilhosa cidade romana em ruínas. Essa cidade foi destruída por um terremoto e permaneceu do mesmo jeito até hoje. As ruínas são tão impressionantes que você consegue andar pela rua principal da cidade e entender como devia ser a vida naquela época.
 
Não deixe de subir numa pequena colina para ter uma surpresa incrível: no mesmo local tem também ruínas egípcias de 4 mil anos atrás:
Esse lugar me deixou boquiaberta! Não perca!
8 – Jerusalém – 5 dias 
Ahhh, Jerusalém! Meu coração bate até mais forte só de lembrar! Que lugar sensacional! A quantidade de história acumulada em cada centímetro quadrado é impressionante! Num mesmo local, por exemplo, temos a sala onde se acredita que Jesus fez a última ceia e no andar de baixo o túmulo do Rei Davi, importantíssíssimo para os judeus. Já no cartão postal da cidade, o Domo dourado que é parte da mesquita Al Aqsa, é onde a treta fica ainda mais séria. No mesmo espaço temos o lugar onde é dito que Maomé ascendeu aos céus, e onde antes era o local de sacrifício usado por Abraão e Jacó; ainda por cima, era ali que se situava o famoso templo de Salomão. Ufa! Chega a ser inacreditável ter tanta coisa importante assim, uma por cima da outra. Mas só vendo de perto pra sentir a emoção que esse lugar transmite. A sensação é de que é ali que a história está acontecendo, me lembro de ter pensado “Uau, então é aqui que as coisas importantes acontecem”!
O que você não pode perder em Jerusalém:
Muro das lamentações – tente o passeio pelas ruínas subterrâneas, é imperdível!
Domo Dourado – A visita guiada facilita a entrada à esplanada das mesquitas, que é um pouco tensa, e também ajuda a entender todo o funcionamento político e religioso do lugar. Tente fazer esse passeio com um guia!
Torre de David – Ruínas, vista incrível do topo da torre e show de luzes incrível à noite, que encena toda a história da cidade. Imperdível!
Igreja do Santo Sepulcro – Parada obrigatória mesmo pra quem não é religioso. Tem o túmulo de Jesus, a colina onde ele foi crucificado e a pedra onde colocaram seu corpo após a retirada da cruz. A localização exata desses locais é controversa, muitos historiadores dizem que não é o lugar exato onde isso tudo aconteceu. Mas é imperdível mesmo assim!
Via dolorosa –  hoje em dia uma rua cheia de comércio, no passado o lugar onde Jesus fez sua via sacra carregando a cruz.
Ramparts Walk – É uma caminhada livre por cima das muralhas que cercam a Jerusalém antiga. Fundamental para ter uma visão geral da cidade murada. Você pode entrar no circuito e sair dele em diferentes pontos de acesso. Pegue o mapinha, um tênis confortável e não deixe de ver Jerusalém por cima!
Caminhando pela muralha e vendo a cidade de cima!
Passeios fora das muralhas:
Machane Yehuda – mercado de rua com comidas maravilhosas!
Jaffa Street – Nessa rua tem muito comércio, lojinhas, bares, restaurantes, comprinhas baratas, imperdível!
Comércio na Jaffa Street
Yad Vashem – o museu do holocausto, o único lugar onde eu tive uma dimensão mais clara do que foi realmente o Holocausto! Visita importantíssima!
Museu de Israel – onde estão os pergaminhos do mar morto… APENAS!
Agora, se você for religioso meeesmo, tem uma série de outros lugares que podem ser acrescentados no roteiro de Jerusalém como o Monte das Oliveiras e a Igreja da Dormição, local onde Maria morreu.
– Massada
UAU! Que lugar incrível!!! Uma cidade em cima de uma montanha que foi um dos últimos redutos de resistência judaica frente à invasão romana. A cidade foi inteira escavada e hoje é possível ver as ruínas. Sua localização foi encontrada baseada em relatos de historiadores da época que escreveram sobre a cidade.
Lá de cima dá pra ver os quadrados que o exército romano fazia ao redor da montanha, cercando a cidade para atacá-la.
 
Muuuita história pra aprender nessas ruínas. O passeio à Massada pode ser feito saindo de Jerusalém num bate-e-volta corrido e cansativo que cumpre um roteiro triplo: Massada, Ein Guedi (um oásis incrível no meio do deserto) e Mar morto. Se você tiver pouco tempo pra visitar esses lugares vale a pena, mas se você tiver mais tempo aconselho uma ida com calma à Massada, pois há muita coisa pra ver lá, depois outra ida com calma à Ein Guedi e ao mar morto. Até porque o ponto do mar morto que esse passeio nos levou era meio caído. Depois, com calma, alugamos um carro e fomos numa parte bem mais legal que conto abaixo.
10- Mar morto – 1 dia
Tivemos um fim de semana patrão num super resort no mar morto, o Crowne Plaza que fica na região de Ein Bokek. O contraste das montanhas desérticas com o mar é fascinante! Aqui a diversão é brincar de boiar na água salgada, passar lama no corpo e relaxar na areia!
11- Mitzpe Ramon e Ein Avdat – 2 dias
Olha pessoal, não sei o que houve nesse lugar, não sei se foi minha expectativa que não era muito grande a respeito dele ou se o lugar é incrível mesmo, mas fiquei APAIXONADA por Mitzpe Ramon. Tem uma pegada exótica feat cidade do interior que me encantou completamente. Como fã de astronomia encontrei lá uma adorável surpresa, o museu em homenagem ao astronauta israelense Ilan Ramon, morto no desastre do ônibus espacial Columbia em 2003. A apresentação que fazem sobre a missão do Columbia e a surpresa no final é arrepiante. Não posso dar spoilers, mas é uma sensação visual imperdível! Além disso pra quem gosta de astronomia tem também o passeio astronômico para contemplar as estrelas à noite! Torça para céus limpos!
Depois de visitar o Ilan Ramon Memorial fomos conhecer o lugar ultra mega fodástico mais lindo do mundo, chamado Ein Avdat. A foto diz tudo, dá uma olhada:
Ein Avdat é um oásis, um parque maravilhoso bem no meio do deserto. Rola fazer o passeio em um dia inteiro, se você quiser fazer trilhas no parque, ou um passeio de meio dia, indo de carro até o ponto mais alto para a vista de cima e depois de carro para o ponto mais baixo pra essa vista aí da foto. Aí dá pra fazer umas mini trilhas que são super lindas pra explorar esse pedaço.
Mitzpe Ramon é na verdade uma cratera no meio do deserto, que já foi oceano. Então nas paredes da cratera tem fósseis de animais marinhos (!!!). MUITO-LOUCO-ESSE-LUGAR.

Estrada dentro da cratera
Ficando em Mitzpe Ramon, você pode tirar um dia para ir em Ein Avdat e no dia seguinte explorar a própria cratera, esse museu dos astronautas e o zoológico que tem animais muuuito exóticos e lindos.
Nós ainda tiramos um tempinho para ir à uma fazenda de lhamas (!) onde vc pode alimentar as lhamas. Nós somos fanáticos por animais, então esse passeio foi um ponto fundamental, mas reconheço que não é um destino turístico muito comum!
  
 
Miztpe Ramon ficou marcada no meu coração e espero que seja uma dica valiosa pra vocês também!
_Mais dicas:
– Nas cidades maiores muita gente fala inglês, mas nesses cantinhos mais afastados tipo Beit Shean e Mitzpe Ramon é mais difícil, então rola uma comunicação por mímica mesmo rsrsrs.
– Não deixe de provar o Sabih, uma espécie de sanduíche de falafel, mas sem falafel e sim com ovo, berinjela e batata doce. É pra se apaixonar!
– As estradas são ótimas e, como o país é pequeno, é um ótimo lugar para conhecer tudo de carro. Devolvemos o carro apenas em Jerusalém, onde ficamos mais tempo, e fizemos tudo a pé. Mas fora dali o carro foi nosso meio de transporte fundamental.
Lugares que ficaram de fora do meu roteiro e irei numa próxima vez:
Eilat – Região praiana e ponto de mergulho ao sul de Israel.
Herodium – Uma colina num formato muito louco, onde Herodes construiu um palácio e uma fortaleza.
Petra, na Jordânia – Pertinho de Eilat dá pra cruzar a fronteira da Jordânia e ir até Petra, uma cidade incrível toda esculpida em rocha.
É isso pessoal! Espero que essas dicas te ajudem na sua viagem pra Israel, e pra quem nem cogitava conhecer esse pequeno país, deu pra ver o quanto vale a pena a visita né?
Até mais!

Post Author: Ana Campos

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