Desde sempre gostei de músicas animadas: para dançar, me exercitar, curtir momentos ou apenas botar o som alto numa viagem. Nunca fui do tipo de ouvir baladas para curtir fossa ou coisa do tipo, por isso sempre encontrei no POP um lugar familiar. Gênero que sempre tinha as músicas mais empolgantes das pistas de dança e usadas para embalar trilhas sonoras animadas e pra cima.
Conforme cresci fui conhecendo os expoentes musicais de cada época, e dentro do POP as mulheres sempre estiveram fortemente presente. Como também sempre fui fã da força, personalidade e do gênero feminino de modo geral, isso só fez meu gosto por essas músicas aumentar. Nunca havia “divas” demais: Madonna, Spice Girls, Britney Spears, Beyoncé, Rihanna, Lady Gaga… E embora a mídia e até fãs estimulassem por muitas vezes a disputa entre elas, sempre soube que tinha espaço para cada uma e que dava para gostar de todas ao mesmo tempo.
No entanto, vieram os anos 2010 e com eles algo aconteceu com a sonoridade do POP. Para se renovar e continuar relevante, não só o POP como todos os gêneros musicais, precisam estar sempre em busca de novas referências e inspirações, dando uma nova roupagem ao que escutamos. O “POP chiclete” e a forte influência do hip hop foram então saindo de cena e influências de folk, música eletrônica, country e lounge tomando conta do cenário.
Os dias, meses e anos foram passando e isso foi ficando cada vez mais evidente. Hit atrás de hit, novos artistas foram aparecendo com esse estilo enquanto antigos foram tentando pegar carona para se manter em evidência. Ed Sheeran, Shawn Mendes, Charlie Puth, Zedd, Chainsmokers são alguns grandes exemplos disso, só pra citar os mais recentes.
Basta você entrar no top 50 ou 100 de qualquer lugar e verificar que música atrás de música a sonoridade é muito mais lenta. A energia é outra, não tem a força dos hits dos anos 90 ou 2000. Claro que isso não quer dizer que as músicas são ruins, pelo contrário, sem dúvidas são boas. Em sua maioria bem produzidas e bem cantadas, mas a vibe dessas novas músicas, desse novo POP, é outra. Não consigo mais botar o top 50 pra embalar uma corrida empolgada.
Isso fez até com que os expoentes do pop mudassem. Pela primeira vez em 33 anos o top 10 da Billboard não contou com hits femininos. Seria esse novo som mais masculino? Ou seria apenas uma coincidência? O cenário mundial também vem enfrentando grandes mudanças no geral, político, econômicas, em todos os aspectos. Parece que saímos de um otimismo esperançoso para uma situação de receio, dúvida. Teria a música refletido também esse sentimento coletivo?
Seja o que for, aquilo que me fazia ser tão fã do POP, que mencionei logo no início deste post, anda raro. Olhando comentários do público em geral percebo que não estou sozinho. Não é difícil ver gente clamando por “POP farofa” por aí. Mas talvez não sejamos a maioria. Afinal, o POP vem de popular, ou seja do gosto do público, e em teoria ele só existe pra dar aos ouvintes o que eles querem. O pop não nasce, ele se torna.
Então talvez a única coisa que possamos fazer para mudar esse cenário e trazer um POP alegre de volta é mudar nossa mentalidade, voltar a ser otimistas e esperançosos.
Enquanto isso eu vou caminhando usando o POP pra chill e quando quero “embrasar” mudo pra minha playlist de funk mesmo. Amém, funk brasileiro!