O curioso caso das pessoas presas no tempo

A moda está sempre se reinventando. Com muitas inspirações, referências e releituras, é verdade, mas ainda assim introduzindo novidades e transformações sem parar. Então é logicamente difícil acompanhá-la. E também não é preciso.

  
Fazer uma releitura de uma roupa ou penteado não é apenas copiá-lo mas adaptar a essência à novos conceitos.

 

Impor um padrão e fazer com que as pessoas tentem se encaixar nele não está com nada e a maior parte do mercado fashion já está percebendo isso. Primeiro porque obviamente muitas pessoas não conseguirão se encaixar no perfil imposto, resultando em infinitos problemas de autoimagem e autoestima da população e, especialmente dos jovens. Depois porque é muito mais lucrativo nichar sua produção e fazer coisas para diferentes gostos. Assim você vende para gente com o gosto 1, gente com o gosto 2 e ainda gente com o gosto 1+2.

Apesar disso, vira e mexe encontramos na rua com pessoas que parecem que pararam no tempo. Ou vai dizer que você nunca cruzou com a tiazinha que pareceu ter saído diretamente dos anos 70, com o penteado Farrah Fawcett e tudo? Se não foi ela de repente foi aquela moça com seu cabelo cheio em camadas e calça jeans cintura alta bem “Barrados no Baile”?

  
Aquele jeitinho básico no cabelo pra ir à padaria.


Não me entenda mal, o sentido aqui não é criticar essas pessoas pelas suas roupas. Afinal de contas, a democratização da moda nos mostrou justamente que isso não tem nada a ver. Aquelas colunas de certo
x errado já estão falidas tem tempo. Ninguém deve seguir a última tendência ou uma moda específica, mas sim se sentir bem com o que usa.

Se sentir bem, no entanto, é bem diferente de ser conformado. É bacana nos sentirmos bonitos com um penteado que achamos que combinou com nosso rosto, com um tipo de roupa que vestiu legal ou com o sapato que parece que foi feito para o nosso pé, mas não é legal nos limitarmos a isso. Pense o que a tia que se veste de pantera até hoje tem que fazer todo dia, quanto gasta e o esforço que ela faz pra isso. Ela pode se sentir bem quando vê seu cabelo todo armado de laquê mas talvez fosse muito melhor pra ela (e muito mais acessível) ela utilizar tantas das coisas novas que existem no mercado.

  
Não precisa ficar usando seu jeans 90210. Já tem jeans novinhos inspirados nos anos 90, como essa linha toda da C&A.


Ficar pa
rado notempo não é ser você mesmo. E se for tem algo errado com seu “eu mesmo”. Todos nós devemos evoluir constantemente. Rever nossos comportamentos e opiniões e amadurecer ideias e conceitos antigos. Estes muitas vezes revolucionados pela própria indústria da moda.

Além disso, nossos corpos estão em constante mudança e muitas vezes precisamos adaptar algumas peças para que fiquem melhor em nós mesmos. E não estamos falando aqui de “se vestir de acordo com a sua idade” ou “esconder a gordurinha”. Esses pensamentos são bobagens restritivas da sociedade. Estamos falando de entender nosso corpo e amadurecer com ele.

Então, se você conhece alguém que está nessa prisão do tempo da moda, você deve sempre respeitá-lo em primeiro lugar mas se tiver intimidade o suficiente pode ajudá-lo a sair de sua zona de conforto apresentando coisas novas e interessantes que tenham a ver com sua personalidade. Ser vítima da moda nem sempre é seguir loucamente as últimas tendências. Pode significar também ficar prisioneiro de um modismo passado.

Post Author: Marcio Oliveira

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