Black Mirror – 4ª temporada

(Cheio de spoilers)

Ahhh que delícia, mais uma temporada de Black Mirror pra desgraçar nossa cabeça bem no fim do ano!
Fui assistir preocupada, pois infelizmente tinha lido muitas críticas falando mal da temporada. Realmente fiquei sem entender esse tanto de crítica, porque é uma leva de episódios maravilhosa! Claro, assim como nas outras, tiveram alguns episódios que eu não gostei, mas a maioria foi ótima e passou direitinho a mensagem que Black Mirror precisa passar: tecnologia demais só amplifica os males já existentes na mente humana.

Existe a eterna discussão sobre Black Mirror ser uma série sobre pessoas e não sobre tecnologia. Assim como se pode falar que Walking Dead não é uma série sobre zumbis, mas sobre as relações humanas. Ou que Breaking bad não é uma série sobre tráfico de drogas, mas sobre pessoas. Na verdade essa é uma discussão idiota, porque é óbvio que todas as séries são sobre pessoas, mas para analisar o ser humano a série os insere em contextos diferentes, seja zumbi, droga, tecnologia etc. Ou seja, o que faz de Walking Dead ser Walking Dead é o fator zumbi + cenário pós-apocalíptico. Se fosse outro contexto, como por exemplo tirar os zumbis e o clima de fim do mundo e colocar os mesmos personagens no mundo clean e tecnológico de Black Mirror, então não seria mais Walking Dead e sim outra coisa. Dito isso, pra mim existe uma relação direta e necessária entre Black Mirror e tecnologia, pois a série analisa as complexidades do ser humano sob o viés do avanço tecnológico. É como se dissesse: e se a gente der muita tecnologia pra esse cara, o que será que ele é capaz de fazer? Assim como Walking Dead pergunta: e se a gente jogar uns zumbis em cima desse cara, o que ele é capaz de fazer?

É um bom exercício assistir Black Mirror pensando se daria pra contar todas aquelas histórias sem inserir as tecnologias avançadas. Exemplo: a mãe controladora não teria o Arkangel, mas poderia ficar ouvindo as ligações da filha com as amigas na outra linha do telefone, ler seu diário, ou seguir a menina pra todos os lugares. Sim, poderia ser desse jeito e contaríamos a mesma história, mas não seria Black Mirror. Em Black Mirror temos a tecnologia como O canal facilitador para o desenvolvimento das paranóias humanas. Talvez sem o Arkangel essa mãe controladora não tivesse ido tão longe a ponto de VER a filha transando, ou saber que ela está grávida antes dela própria descobrir. Mas poderia chegar perto, por exemplo, seguindo a menina e vendo que ela está com o namorado e suspeitando que ela possa estar grávida. A tecnologia aqui é fundamental para levar o comportamento da mãe a um extremo e também para fazer com que isso seja uma coisa banal: “ah, é um sistema que todos os pais estão usando, então tranquilo usar também”. E essa é uma das grandes mensagens de Black Mirror na minha opinião; coisas que nós acabamos aceitando como normais, mas que se você parar pra analisar, são absurdas.

Mas vamos à análise de cada epi. Não tenho a pretensão de fazer um “Black Mirror detonado”, fazendo mil relações entre episódios e outras séries, captando todos os easter eggs nem nada disso, apenas vou partilhar com vocês minha opinião e minhas sensações ao ver cada episódio. Espero que vocês partilhem comigo também nos comentários 🙂

Antes de começar, quero falar sobre a tecnologia do cookie, que é muito explorada nessa temporada. É necessário ter visto o episódio anterior (White Christmas) pra ter a total noção do quanto essa coisa do cookie é desgracenta. O cookie é a própria pessoa, uma cópia virtual da consciência, mas que se sente exatamente como a pessoa. Ou seja, torturar um cookie é tão grave quanto torturar a pessoa. É justamente essa importância que Black Mirror tenta mostrar pra gente: que as coisas virtuais vão acabar tendo o mesmo nível de importância que a vida real, por isso temos que tomar o mesmo cuidado que tomamos (ou deveríamos tomar) com as pessoas reais. Sendo assim, a 4ª temporada explora as evoluções desse cookie…. E se colocar o cookie num ursinho? E se colocar o cookie dentro de outra pessoa? E se colocar o cookie num holograma? Vi algumas críticas falando que isso ficou repetitivo, pois focaram muito na mesma tecnologia do cookie, ao invés de trazer idéias novas. Mas achei justamente isso genial, porque o cookie é a coisa mais legal que Black Mirror já nos trouxe, tanto que os episódios preferidos de muita gente são justamente o White Christmas e o San Junipero, que lidam com esse tema. Pra mim pelo menos, o tema cookie tinha deixado um gostinho de quero mais que a 4ª temporada veio saciar!

USS Callister

Nesse episódio temos um psicopata em posse de vários cookies de pessoas que ele pode torturar à vontade no mundo fantasioso do game que ele próprio criou. Tem coisa mais apavorante que isso no universo Black Mirror? Eu sentia PÂNICO cada vez que o maluco abria a porta da nave e eu sabia que ele poderia fazer QUALQUER COISA com o pessoal. Desesperador. Nesse sentido o episódio foi perfeito em mostrar que grandes poderes tecnológicos banalizados na mão de uma pessoa doida são uma tragédia horripilante.

O pânico é ajudado pelo time SENSACIONAL de atores, que desempenham com perfeição os papéis de pessoas submissas ao psicopata no virtual X pessoas que desprezam o cara na vida real. Show de atuação.

Além disso, o episódio também explora a forma como um ditador consegue controlar as pessoas. Por exemplo, para fazer com que o personagem do James Walton se dobrasse à sua autoridade, o psicopata teve que matar o filho dele. Assim como só conseguiram transformaram o Jesse Pinkman em escravo no Breaking Bad quando ameaçaram matar o garotinho que ele gostava. Também nos filmes de máfia, as pessoas matam a família do sujeito que trai os mafiosos. E na Coréia do Norte se uma pessoa tentar fugir eles vão lá e matam toda a família dela. Esse limite do que é preciso fazer pra uma pessoa “dobrar” sempre é explorado em Black Mirror. Ou a tortura é muito grande e intensa, como fazer você ficar com a sensação de não conseguir respirar eternamente sem morrer (!). Se já são terríveis na vida real as histórias de tortura e matança de famílias, imagina com a bizarrices que a tecnologia pode proporcionar?

Também foi muito legal ver nesse episódio o papel que as mulheres desempenham. A menina consegue hackear o jogo que o geninho da informática não conseguiu. É ela que tem os planos, ela que guia o grupo, ela que tem certeza que vai conseguir escapar dali enquanto todos duvidam. Meta pessoal pra 2018 é ter a auto-confiança e inteligência dessa menina. Muito bom ver na tela personagens femininos assim!

Mas eu tenho uma crítica a esse episódio e me corrijam se eu estiver errada: o cookie deveria ser uma cópia da consciência da pessoa, então não adianta eu ter o seu DNA porque isso só me permite clonar o seu corpo físico. O que está na sua mente, todo o seu histórico, seus desejos e sua memória não estão no seu DNA. Todo mundo que viu a novela O Clone sabe disso. Pra clonar a sua consciência, eu precisaria sugar o que está na sua mente. E pra fazer isso com a autorização das pessoas, sem que elas percebessem que é com motivações demoníacas, seria muito mais complicado do que simplesmente pegar o seu DNA do seu copo de café. A série trouxe essa solução mais fácil de fazer um cookie através do DNA que não me convenceu. Ok, cookies não existem, então teoricamente eles podem fazer como quiser. Mas se a série seguisse a sua própria lógica não daria pra fazer com o DNA não, me desculpe. Achei uma grande falha.

Claro que a série aproveita pra dar aquela lembrada, né? Não guarde fotos comprometedoras online; a internet não é segura e com certeza vai dar ruim.

Também não entendi muito bem a história do buraco de minhoca. Se eles entrassem lá no jogo eles iam sumir, ou serem atualizados, certo? E se a atualização acontecesse quando o jogo estivesse desligado, não daria no mesmo? Não entendi porque eles TINHAM que ir até o buraco de minhoca pra serem atualizados ou destruídos, pois o update não deveria depender que uma ação seja feita NO JOGO pra funcionar; o jogo podia estar desligado que ia fazer o update do mesmo jeito, não? Achei uma mega forçada de barra pra inserir ceninhas de ação na história.

Enfim, achei o episódio com algumas forçadas de barra, mas gostei MUITO mesmo assim, até porque como fã de astronomia foi um prato cheio assistir.

 

Arkangel

Ao mostrar os momentos de tensão do parto quando a mãe achou que a criança não tinha nascido saudável, e logo depois mostrar a criança sumindo no parquinho, a série constrói direitinho uma personagem que poderia ser qualquer mãe. Traumatizada por duas experiências em que achou que tinha perdido a filha, ela então aceita a tecnologia de instalar o chip na criança. Não necessariamente ela seria uma mãe neurótica, mas passou a ser depois desses traumas. Achei super aceitável instalar um chip de localização numa criança, quando você pensa no mundo perigoso de hoje. Se fosse APENAS um chip de localização acho que todo mundo deveria ter, pois isso resolveria um dos grandes problemas que temos hoje: crianças (e adultos) desaparecidos, criminosos escondidos e uma série de outros problemas graves que evitaríamos se as pessoas não pudessem fugir da polícia, sequestrar etc. Espero que Black Mirror explore isso em algum episódio. Foi mais ou menos isso que o péssimo filme “O Círculo” tentou fazer. Mas aí criamos outro problema, que é a perda da liberdade e da privacidade. Se fosse um chip usado em casos extremos, quando a pessoa está desaparecida há mais de 24h e só a polícia pudesse acessar para localizá-la, seria menos mal. Mas é claro que Black Mirror não vai ficar só no básico, né, gente? Além de localizar a pessoa, poderíamos ainda ver com os próprios olhos o que a pessoa vê e ainda BLOQUEAR A VISÃO DE COISAS RUINS. Aí o fogo ferveu!

Desde o início do episódio ficava bem claro o que aconteceria. Você já fica imaginando tudo: “ih, ela vai ver essa criança crescendo, namorando, transando, fazendo merda na escola, usando um baseado, rebolando até o chão, e vai começar a interferir”… Nesse sentido o episódio é bem previsível sim. A reviravolta fica por conta dela colocar o remédio abortivo na vitamina da filha e a garota quase matar a mãe ao saber disso. Foi tenso, mas não me convenceu. As duas tinham uma relação muito de boas e apenas naquele momento foi que a garota descobriu tudo. Apesar do ABSURDO de estar sendo vigiada o tempo todo e do aborto, não acho que uma garota com uma relação boa com a mãe chegaria ao excesso de espancá-la daquela maneira, quase até a morte. Forçado.

Mas até nisso o episódio tenta se justificar. A garota cresceu com uma relação estranha com a violência, ou não vendo nada violento, ou vendo tudo de uma vez. Ou ficando quietinha boazinha, ou se automutilando por causa daquela porcaria de filtro contra coisas violentas. Então nesse caso sim, pode ser que ela não tivesse a dimensão do que seria um espancamento e que aquilo poderia gerar a morte da mãe. Pra completar, a garota ainda por cima apertou durante a briga o botão do filtro e começou a bater na mãe sem ver nada direito. Mais uma vez a série fazendo o abusador provar do seu próprio veneno. Aquela catarse que a gente respeita. Então ok ok, justificou o tamanho da violência. Mas não gostei dessa resolução.

Gostei sim de ver que eles tiveram o cuidado de colocar o Arkangel salvando a vida do avô, que era o único contrário à tecnologia. Ou seja: assim como no filme “O Círculo”, são mostradas muitas vantagens antes de começarmos a entender as desvantagens daquela tecnologia.

Curti também vários detalhes que a série abordou partindo desse tema. A garota ganha fama de dedo-duro na escola porque, claro, a mãe devia contar pra diretora tudo o que as outras crianças faziam de errado. Aí a criança fica solitária e anti-social. Também senti empatia pela menina que quis experimentar drogas, mentir pra sair de casa e ir transar com o namorado. Sendo filha de uma mãe super protetora, nunca cheguei ao ponto de despirocar dessa maneira pra compensar o controle excessivo dentro de casa, mas entendo quem faça. Outro ponto importante é sobre a decisão de fazer o aborto da criança que a filha estava esperando. Que coisa absurda, meu Deus. Por outro lado, pense que sua filha tem 15 anos, engravidou de um traficante de drogas e você pode fazer algo para “resolver” esse problema e não deixar que a vida dela seja completamente abalada por esse deslize. E aí, você faria algo parecido? Apesar de achar absurdo, não pude deixar de entender um pouquinho essa mãe.

Agora, o mais maneiro foi a última cena da mãe em pânico gritando o nome da garota, remetendo à cena do parquinho. Novamente, show de atuação. E mais, ficou o recado: não adianta se descabelar. Os filhos vão crescer, vão dar sustos, vão sair com as amigas de madrugada. Controlar em excesso é pior e você pode acabar perdendo seus filhos pra sempre.

Crocodile

Demorei pra entender o título do episódio até alguém me falar: são as lágrimas de crocodilo né, amiga? DÃ! É lógico. A psicopata chora e se mostra muito muito abalada após cada assassinato. E aliás, QUE SHOW DE ATUAÇÃO. Sério, foi mesmo, fiquei impressionada. Especialmente na cena final dela no teatro das crianças, tentando assistir a peça, mas as atrocidades que ela tinha acabado de cometer não iam se dissipar tão fácil da cabeça. Não mesmo.

Voltando um pouco: ela era mesmo uma psicopata? Se tem um tema que eu amo é esse, decidir do meu alto grau nenhum de conhecimento psicológico se as pessoas são psicopatas ou não. Essa mulher eu não achei que era, já o psicopata não demonstra nenhuma culpa e ela demonstrou bastante. Porém a culpa não muda em nada a atitude que ela teria, porque ela tem outro transtorno: o do narcisismo. Uma espécie de Walter White, que fica boladinho de ir fazendo as merdas e prejudicando as pessoas mas “ah, foda-se, o que importa é eu construir meu império e me sentir o fodão”. A nossa protagonista aqui segue o mesmo modelo.

Percebam que no início do epi ela é a pessoa que quer ligar pra polícia imediatamente e o namorado é que não deixa. Fiquei intrigada com essa mudança na personagem, achando a construção forçada. Uma pessoa que teve essa atitude no início não mudaria tão bruscamente no final. Mas vi uma crítica muito boa dizendo que no início ela não tinha nada a perder, era só uma jovenzinha perdida na vida. E no fim ela já era uma puta arquiteta, que construiu uma carreira sólida, tinha família e tal. E o narcisista é assim né gente, quanto mais status e sucesso mais o esforço pra manter isso.

Agora vamos às forçadas de barra meeesmo que esse episódio deu (outra coisa que eu adoro analisar são forçadas de barra – já percebeu, né). Meu anjo, quando que uma menina magrinha e franzina daquela teria conseguido asfixiar aquele maluco? Nunca, meu bem. Mulheres são estupradas diariamente porque não conseguem se desvencilhar da força física do homem, que é sempre, ou quase sempre, maior. Então não, não aceito que aquela mulher tenha conseguido matar todo mundo assim, com nenhum ou quase nenhum momento de luta corporal. Baixou a Jessica Jones ali na mulher, só pode.

Outra forçada: câmera de rua e da van da pizza desligada. Sério que num mundo tecnológico daquele, bicho, não ia ter uma câmera pra mostrar o que aconteceu? Ou pelo menos pra flagrar nossa protagonista narcisista arrastando corpos pelo hotel, pelo estacionamento, pela cidade? Não, não comprei isso. Foi uma volta muito grande que deram pra poder usar com toda tranquilidade aquele aparelho de memórias em todos os indivíduos que podiam usar. Foi uma boa construção de tensão, porque a gente sabia que ia acabar chegando na nossa protagonista. Mas achei forçado que só tenham chegado nela assim, depois de um looongo processo, se bastava qualquer câmera ter flagrado ela arrastando corpos muito maiores do que ela pra lá e pra cá.

Claro que aqui nesse epi a série aproveita pra dar outra lembrada: ó, carro com motorista automatizado também atropela as pessoas tá, fica a dica.

Mas eu gostei do episódio, tá, gente? Gostei mesmo. Porque a evolução das atrocidades que a protagonista é capaz de cometer é uma espiral chocante e horripilante demais, com o bebê sendo o ponto alto. Agora, vocês repararam na cena em que ela entra no quarto do bebê ao ouvir ele chorar? Gente, O BEBÊ NÃO TINHA VISTO ELA! Não porque ele fosse cego, mas porque ele tava no quarto e ela em outro cômodo! Pra que ela foi lá matar o bebê, gente? Aí forçou! Se ela é psicopata a ponto de matar um bebê à toa, então não podia terminar chorando tensa na peça. Ou uma coisa, ou outra.

E o porquinho da índia né, gente? Solução maravilhosa, não merece palmas, merece o Tocantins inteiro!

Hang the DJ

Amei esse episódio. Não tanto pela história, mas porque os protagonistas são muito carismáticos, o cenário estilizado é muito lindo e a química do casal principal é gostosa demais de se ver. Também amei a ideia do cookie sendo usado no Tinder do futuro. Pelo que eu entendi, as pessoas carregam seus cookies no aplicativo e através deles o aplicativo faz as combinações até ver qual dá certo. Ou seja, pra eu não ter o trabalho de analisar cada namorado, vou colocar uma cópia minha pra fazer isso e depois me dizer qual o melhor cara. Seria maravilhoso se o cookie não fosse uma pessoa que sente de verdade, como já falei acima. Tanto que vemos o episódio inteiro pelos olhos dos cookies, como em San Junipero. Esse episódio nada mais é do que uma versão fofinha daquele cookie do White Christmas (da mulher que colocava o cookie dela própria pra cuidar da agenda, organizar a casa etc). Que tortura praqueles cookies ali se relacionar com milhões e milhões de pessoas chatas, só pra que a pessoa da vida real não tenha que ter esse trabalho. Mas foi legal, bem legal! E quando o episódio finalmente entrega o que estava acontecendo é que você entende porque aquele povo não trabalha, aceita ficar numa relacionamento tosco por meses, porque a pedra só quica 4 vezes na água etc. Aí tudo faz sentido. Curti!

Metalhead

É, não gostei desse epi. Além da protagonista não me causar nenhuma empatia (assim como aconteceu no episódio da outra temporada, Hated by the Nation), que eu não lembro nem da cara dos sujeitos, esse epi também tem um sério problema de não nos dar quase nenhuma informação que nos faça nos importar com aquela história. Não sabemos nem se a mulher que foge do cachorro robô é uma criminosa, ou se é do bem. Parece ser uma rebelde contra o sistema tirano dos robôs, mas não temos certeza. O epi serve pra desenvolver o tema da dominação da humanidade pelas máquinas, ao meu ver. A cereja do bolo é a tal da caixa dos ursinhos, que eles estão tentando pegar a todo custo. Depois de ver Black Museum, não ficou claro que aqueles ursinhos eram cookies de pessoas importantes pra eles? Ou ainda que eram novas carcaças pra eles colocarem o cookie do tal do Jack, que estava morrendo? Pra mim ficou óbvio, mas não li nenhuma crítica sinalizando isso, então achei muito estranho. Mas sim, são ursinhos de cookies. Essa história de que “ahhh, é porque no mundo tirano dos robôs eles precisam resgatar a magia da infância através do ursinho”… Oi? Isso não seria nada Black Mirror, não viaja. Então pra mim esse episódio valeu pelo cookie no ursinho e só por isso.

Black Museum

Ai ai ai, fogo fervendo a mil grau! O que foi esse epi, meu Brasil? Não vou dizer que ele se iguala ao White Christmas, porque com as forçadas de barra aqui ele não chega aos pés, né… Mas se assemelha na construção do roteiro, e o design de produção é fantástico. As atuações também são extremamente fundamentais pra segurar o epi. Mas as histórias paralelas cara, que show de forçação de barra!

Primeiro aquele médico que se vicia em dor. Ah, me poupe. Achei aquilo surreal. Podiam fazer tantas implicações diferentes pra esse aparelho de sentir a dor da pessoa, mas transformaram um cara em viciado em dor que se mutila e tortura os outros pra ter prazer. Ah, não comprei. Mas não posso negar que o conto foi extremamente bem produzido e ficou tenebroso.

Aí vem aquela outra história do cookie ser colocado na mente de outra pessoa. GENTE, QUEM ACEITARIA ISSO? HELLO! Em nenhum momento o cara para pra pensar “nossa, imagina eu ter uma outra pessoa vendo tudo que eu faço e controlando todas as minhas ações. E a minha privacidade? E se eu quiser namorar de novo?”. Nossa, ridículo alguém aceitar isso assim tão de boa. Mais ridículo ainda poder botar a pessoa em pause. Nesse momento eu comecei a rir e pensei “cara, esse epi tem que ter uma reviravolta muito grande, senão vai ser um vexame”. Ainda bem que veio a terceira história paralela pra equilibrar.

Na terceira história temos um cookie implantado num holograma! Wow! Aí sim! Achei uma coisa com mais sentido, porque são tecnologias que conversam super bem, uma cópia virtual da mente e uma do corpo. Depois, a solução de colocarem essa cópia pra ficar sendo torturada over and over pelas pessoas também foi aceitável, porque né gente, quantos estudos já não fizeram pra mostrar que pessoas absolutamente normais seriam capazes de apertar o botãozinho lá pra dar choque nos outros? Só pelo puro prazer de se sentirem no controle. Agora, o chaveiro do eterno sofrimento foi pra rir, né… Achei legal, porém patético, haha.

Mas o plot twist é que salvou tudo. A menina ser filha do cara. O cookie da mãe estar na cabeça da menina. E a menina botar o cookie do cara pra sofrer igual o pai sofria. Ufa! Deu certo!

E depois, vendo o episódio novamente, vi que a musiquinha da abertura já entregava tudo! Dá uma olhada:

Tensooo… A mãe já estava na cabeça dela e a letra é bem literal ao dizer isso!

Agora, preciso comentar sobre o design desse epi. Aquele carro retrô com painel solar, aquela estrada desértica, a roupa daquela garota, o design do museu, a fotografia… Amo/sou/quero. Isso foi o Black Mirror que a gente ama e respeita. E o museu com os itens tecnológicos relacionados a crimes foi das coisas mais bacanas que essa série já fez. Juntar tudo ali numa voadora de easter eggs foi presente de natal demais. Só espero muito, muito mesmo, que esse não seja o epi que finaliza a série, porque né, tinha tudo pra ser. Tecnologias que deram ruim expostas num museu fracassado. Tem final melhor pra toda a parafernália tecnológica demoníaca já criada pelo universo da série? Achei genial. Mas oremos que esse não seja o fim.

Ranking

Pra mim, mesmo com todos os erros e forçadas de barra, a série continua sendo melhor que tudo que existe e não tem nenhum outro filme ou série que se aventure pelos mesmo temas com a mesma competência. Aqui jaz ¨O círculo¨.

Ah, e claro, não podia faltar meu ranking:
1º USS Callister
2º Black Museum
3º Crocodile
4º Hang the DJ
5º Arkangel
6º Metalhead

Deixa seus comentários aí please, quero saber tudo! E até a próxima!

Post Author: Ana Campos

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