Ah, datas comemorativas… Nada como reunir a família depois de muito tempo em torno de uma mesa para fazer aquela bela ceia e rever seus tios, avôs e primos jogando conversa fora e respondendo aquelas perguntinhas básicas, não é mesmo? Não?!?!
Para algumas pessoas situações ocasionais como essa já eram difíceis, por obrigar a desviar das perguntinhas constrangedoras sobre relacionamentos mais do que o Neo de Matrix desviou das balas, ter que se elevar ao nirvana para não ceder a pressão dos questionamentos por jobs e concursos promissorérrimos que abriram, ter que aguentar a barulheira das crianças gracinhas que foram trazidas por gente que você nem conhece, além de ainda juntar num mesmo lugar pessoas que são próximas de você só pelo sangue, mas já não tem tanto a ver assim nas ideias. Imagine agora que tudo isso tem um agravante…
Mensagem para você
A tecnologia pode nos proporcionar maravilhas como o smartphone, que permite que nos localizemos em qualquer lugar do mundo, encontremos informações num piscar de olhos e consigamos dar aquele match com o crush tímido. Mas como nem tudo são flores, com ele também ficamos conectados 24 horas por dia, e depois que resolveram criar um tal ZapZap, popularmente conhecido como Whatsapp, e seus famosos grupinhos, nunca mais tivemos sossego.
Claro que quem é sangue do nosso sangue não ia deixar essa oportunidade de ouro de mandar um bom dia piscante, memes de 2010 e selfies idênticas para nós todos os dias. Foi assim que nasceu o famoso “grupo da família”, presente em 10 de cada 10 celulares brasileiros. Brincadeiras à parte, tudo mencionado até agora não tem nada demais e até torna nossos dias mais agradáveis. Convivência com a família é assim mesmo, encontro de gerações e muitas pessoas diferentes, mas que se amam vivendo juntas. Infelizmente, porém, não é só isso que viver com pessoas tão diferentes traz.
O problema
Em temos de polaridade política e avanço do conservadorismo, já ouvi de diversos amigos que eles teriam saído do grupo da família, silenciado para sempre, ou então causado mais confusão que Romeu e Julieta no berço familiar por causa dos atritos, irritação e stress nas discussões com parentes. Isto me fez pensar em qual seria a melhor coisa a ser feita em casos de conflitos assim e qual seria a regra da internet para isso.
A verdade é que não existe consenso absoluto e isso faz todo sentido. Afinal, todas as pessoas são diferentes e o que funciona pra um pode não funcionar para outro. Cada um deve saber suas limitações, o que pode aguentar, o que faz bem e que não causa desgaste em sua vida. Então, em casos de opiniões extremas ou intolerantes, alguns podem achar melhor ficar quietinho no seu canto, outros não conseguiriam se aguentar e precisam falar o que pensam e outros preferem nem escutar certas coisas que fazem mal para seu bem estar e já clicam logo em “sair do grupo”.
Quando o outro não respeita nosso espaço, usando preconceito, intolerância, ou assumindo a nosso respeito coisas que não sabe, já é bem difícil saber como proceder. Quando este outro é alguém próximo a nós e pelo qual muitas vezes ainda guardamos sentimentos, as coisas ficam piores ainda. Nunca existe uma resposta fácil e por isso muitos acabam optando por se omitir.
Existe solução?
Sem querer criar regras, o que eu costumo fazer, no entanto é permanecer nos grupos. Permaneço e discuto de maneira saudável os tópicos. Afinal, muitas vezes as pessoas falam coisas por falta de conhecimento ou por não perceberem os fatos do jeito do outro. Só sair do grupo pode fazer com que essas pessoas continuem repetindo seus discursos como se estivessem certos, sem aprender nada. E pior ainda, como nunca escutam alguém com opinião contrária, eles começam a achar que é um consenso universal, verdade absoluta e repetem isso por aí com naturalidade. Então, expor sua opinião e os fatos que você tem conhecimento de forma amigável e explicativa pode fazer bem não só a você, esclarecendo a mente de pessoas próximas e que você possivelmente tem apreço, como ao outro, que aprende mais, e ao mundo, que deixa de ter mais um “dono da verdade” por aí…
Mas reparem que eu disse discussão saudável! Brigas e desentendimentos só pioram as coisas. Se você perde a cabeça as chances de misturar assuntos que não tem nada a ver só para ofender e atingir o outro são grandes. Isso faz não só com que você “perca a razão”, como deixa os outros com maior senso de defesa de seus argumentos, como se estivessem de fato corretos.
Claro que isso tudo também pode ser evitado se todos nós tivermos senso de convivência e percebermos que existem pessoas com opiniões diferentes da nossa. Daí é só a gente não sair falando coisas como se todos concordassem e não desrespeitarmos os outros de nenhuma forma, evitando “piadas” com religiões, visões políticas, orientação sexual etc. Repeito sempre vai ser a base de uma boa convivência e evitará brigas. Mas caso a gente cruze com alguém que não obedece essa regrinha…
Já diz o ditado: quem cala consente!