É série pra maratonar que você quer? Então toma:
Atenção: área de spoilers!
Impossível ficar indiferente a essa série-documentário que a Netflix lançou, como quem nada quer, em março desse ano. Tenho pra mim que apostaram naquela história de que quando o produto é bom, não precisa de propaganda. E foi exatamente o que aconteceu com Wild wild country: as pessoas começaram a ver e, impressionadas, saíram compartilhando suas impressões pelas redes sociais. Em pouco tempo, a história real do guru indiano Rajneesh viralizou e cada vez mais gente se impressiona com esse fenômeno que causou rebuliço numa cidadezinha americana nos anos 80.
A treta seria inacreditável, se não tivesse sido registrada pela imprensa da época: uma pequena cidade com um punhado de habitantes no Oregon se viu invadida, da noite pro dia, pelo tal Rajneesh e sua legião de seguidores. Com o dinheiro de doações, essa galera comprou um terreno gigante e, em pouco tempo, construiu uma comunidade na tal cidadezinha, dando início a uma batalha com os moradores locais que se estenderia por muitos anos.
A espécie de religião que Rajneesh pregava parecia, no início, benéfica e inofensiva: estimulava a meditação, o desapego, a paz, o amor livre… No máximo praticavam alguns rituais esquisitos. A tendência inicial é achar que os moradores originais da cidade eram muito conservadores e materialistas, por isso implicaram com a nova vizinhança. Com o desenrolar dos fatos é que a gente vai percebendo que a seita não era exatamente aquilo que parecia e, talvez, houvesse motivo pra questionar sua presença ali.
Conforme os costumes estranhos dos fiéis vinham à tona, os ocupantes originais do terreno se organizavam para tentar expulsar aquela turma nem um pouco bem-vinda. O que se seguiu foi uma longa batalha judicial, acompanhada de perto pelos jornais (o que torna tudo mais interessante, porque está tudo registrado em filmagens da época).
O louco dessa série é que não dá pra ficar muito tempo de nenhum dos 2 lados: hora damos razão pros moradores iniciais da cidade, ora pros fanáticos religiosos. A indecisão vai aumentando até que, no fim, só conseguimos ficar incrédulos diante das proporções que essa tour acaba tomando.
Se você ainda não parou pra assistir, vale a pena: esse documentário faz pensar no quanto nós, humanos, somos sugestionáveis. É impossível não pensar no que levou aquelas pessoas a seguir tão cegamente uma figura, e ficamos imaginando se nós, em situações parecidas, faríamos o mesmo!