Como tudo na vida, desde que os smartphones surgiram (e com eles os apps), de vez em quando surgem modinhas de aplicativos que todo mundo acaba tendo no celular. Podem ser joguinhos como Flappy bird e Pokemón Go, redes sociais como Snapchat e Tinder ou utilitários bobos como Talking Tom e MSQRD.
O app da rodada é o Sarahah (Atenção! Não confundir com Sarah Sheeva). Hoje em dia dificilmente você vai encontrar algum adolescente que não tenha o app instalado em seu aparelho. Mas afinal de contas, o que ele faz?
O App
Anonimato na internet não é nenhuma novidade. Desde antes do Orkut os fakes proliferam aos montes e, protegidas pela tela do computador, pessoas do mundo todo criam alteregos, personagens e potencializam sua personalidade de diversas formas.
O Sarahah, no entanto, assim como alguns outros aplicativos (Secret mandou beijos), assume para si essa faceta internética para tentar oficializar seu negócio. Ele pega carona na curiosidade das pessoas para gerar uma espécie de rede social onde você se cadastra para receber comentários, perguntas (as quais você não pode responder pelo app) e elogios ou xingamentos gratuitamente.
A curiosidade pode ser tanto de quem recebe os comments como de quem faz. Quem se cadastra obviamente é curioso para saber a opinião dos outros acerca de si e quem comenta certamente quer saber a reação de seu alvo.
Claro que o Sarahah se vende como um app do bem, dizendo para você espalhar apenas amor e mandar mensagens positivas para as pessoas. Mas convenhamos, né? Se a idéia fosse exatamente essa existiam milhões de outras formas de ser feita.
E como o Sarahah não é bobo, ele facilita tudo para que você compartilhe o que acontece nele em suas outras redes sociais. O fato de não poder responder, por exemplo, já é um passo para que você compartilhe uma pergunta com a sua resposta no seu Insta stories ou Facebook, por exemplo. Os comentários já vem com uma opção de salvar embutida. Desta forma ele gera mais buzz em torno de si mesmo e consegue alcançar mais curiosos para se cadastrar.
O anonimato
É difícil de entender que em pleno 2017, onde já temos plena consciência de que o ódio deve ser combatido e sabemos que a internet é um meio onde ela tem campo livre para se proliferar (exatamente devido ao anonimato e falsa proteção da tela) surja um app que se baseie justamente numa faceta tão criticada do mundo digital para fazer sucesso (o sigilo).
Claro que a idéia de mensagens positivas, ou mesmo recadinhos de admiradores secretos é romântica e tentadora, mas além de já termos diversos meios de fazer isso o que deveria ser incentivado hoje em dia é que as pessoas tenham coragem e integridade. Que assumam seus pensamentos, sentimentos e opiniões. Fora que por mais que se tente é praticamente impossível controlar tudo o que seus usuários fazem (ainda mais com o número deles aumentando a cada minuto). Nem Facebook, Youtube e Twitter conseguem até hoje.
Já existem tantos jovens que sofrem por cyber bullying, tantas campanhas foram feitas para se combater esse grande problema atual, tantas vidas já se perderam por mensagens estúpidas enviadas em 140 caracteres que o incentivo de que se mantenha sua identidade em segredo para entrar em contato com alguém me parece um tanto absurda atualmente.
O futuro
Não é difícil imaginar o futuro do Sarahah. Como o já mencionado Secret, não deve demorar para que o app se encha de mensagens de ódio, fofocas e mensagens negativas, afetando usuários que não tenham um psicológico fortalecido ou mesmo em formação (que é o caso da maioria, já que a febre do app atinge especialmente os adolescentes).
Desse modo, o app provavelmente vai ser obrigado a tomar outro rumo, devendo deixar de manter o anonimato de seus usuários, ou mesmo sendo descontinuado. Se ele sobreviver a esses grandes problemas, ainda assim vai ter que se mostrar criativo o suficiente para vencer as levas e levas de novos apps que surgem todos os dias lutando para ser o it app do momento.
Espero estar errado e que o Sarahah se prove um grande propagador de amor e coisas boas mas até lá vou desinstalar o app do meu celular. Os comentários estão abertos aqui embaixo 😉
